19.7.08

Lágimas de verdade

Lá se vão meus olhos se enchendo de lágrimas
meu rosto ardendo com o sangue que sobe
e engarrafa as minhas bochechas

A sensação de dor no pé do estômago
o nó enjoado na garganta
e a lembrança dos motivos que me fazem ser tão idiota!!!
tão tolamente insana e desligada,
tão burra ao ponto de não perceber meus erros
de tentar apagá-los com lágrimas
e derreter o coração dos tolos...

Me arrebento em meu egoismo estúpido e frio
em minhas delícias frescas e inúteis
jogo-me debaixo dos pés de um gigante
e depois peço clemência enquanto cospe-me

Lanço-me no mar da ignorância
da grosseria significante daqueles que merecem morrer sozinhoS
e então arrependo-me
como se dizer desculpas mudasse alguma coisa
como se sorrir sem graça e deixar escorrer algumas lágrimas
fosse mudar aquilo que os outros sentem
fosse apagar a minha imbecilidade
a minha idiotice

Mas não muda, não muda nada e nem vai mudar...
nenhum instante retorna
nenhuma lágrima cura
nenhum erro se apaga

Então contento-me comigo mesma
com esse ser sem alma
e desmerecedor de um coração
com esse corpo insignificante
que merece ser pisoteado por aqueles que o amam
pois não tem capacidade de aprender

Que antes do seu egoismo nojento
vem o sentimento puro daqueles
que o querem bem.

2 notynhas:

Textos & Pretextos disse...

oi amiga, paixão é isso mesmo, é uma insanidade temporária e voluntária.
Lê o Fragmentos do discurso amoroso, do Roland Barthés, ele vai nessa linha, mas é cruel na análise racional do que os apaixonados dizem.
Aqui vai minha tradução de um poema da espanhola Soror Juana de la Cruz.
Beijos
---
Que consola a um preocupado terminando a série dos amores

Amor começa por desassossego,
solicitude, ardores e cuidados;
cresce com riscos, fatos e receios;
sustenta-se de choros e de súplicas.

Ensinam-lhe indiferenças e desapegos,
conserva o ser entre enganosos véus,
até que com ofensas ou com preocupações
apaga com suas lágrimas seu fogo.

Seu princípio, seu meio e fim é este:
Porque pois, Alcino, sentes o afastamento
de Celia, que outro tempo bem te quiz?

Que razão há de que dor te custe?
Pois não te enganou o amor, Alcino meu,
senão que chegou o término necessário.

Textos & Pretextos disse...

mais outro dela..
--
Continua o mesmo assunto e determina que prevaleça a razão contra o sentimento

(Soror Juana Ines de la Cruz)

Ao que ingrato me deixa busco, amante;
ao que amante me segue deixo, ingrata;
constante adoro a quem meu amor maltrata;
maltrato a quem meu amor busca constante.

Com quem trato de amor, encontro diamante,
e sou diamante a quem de amor me trata;
triunfante quero ver ao que me mata,
e mato ao que me quer ver triunfante.

Se a este pago, sofre meu desejo;
se àquele imploro, minha desonra me enoja:
de ambos os modos infeliz me vejo.

Porém eu, por melhor opção, escolho
de quem não quero, ser a contragosto amor,
ao invés de ser, de quem não me quer, vil despojo.